segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

IDH: CUBA VOLTA AO RANKING NA FRENTE DO BRASIL


IDH: CUBA VOLTA AO RANKING NA FRENTE DO BRASIL


Cuba voltou ao ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) com destaque: após anos ausente do relatório do programa das Nações Unidas que elabora o índice, o Pnud, o país dos irmãos Castro apareceu no levantamento em 51º lugar.O Brasil subiu uma posição no ranking global, passando da posição número 85 para o 84º lugar.
Se subisse quatro posições, Cuba ficaria no seleto grupo das nações com desenvolvimento humano muito elevado. O levantamento aponta que, entre 2006 e 2011, a nação caribenha subiu dez posições.
O Pnud indica que a esperança de vida em Cuba é de 79,1 anos, a média é de 9,9 anos de escolaridade e a renda per capita, por paridade de poder de compra, é de US$ 5.416.  

Brasil permanece atrás de 15 países da América Latina

O Brasil ainda está atrás de 15 países da América Latina. Dois deles, Chile e Argentina, são classificados como nações do grupo de desenvolvimento muito elevado, na 44ª e 45ª posições, respectivamente. Ainda à frente do Brasil, mas no mesmo patamar de desenvolvimento humano (elevado), estão Uruguai (48º lugar), Cuba (51º), México (57º), Panamá (58º), Antigua e Barbuda (60º), Trinindad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º) e Jamaica (79º), Peru (80º), Dominica (81º), Santa Lúcia (82º) e Equador (83º). O pior país da região ainda é o Haiti, na 158º posição.

Rússia lidera entre os Brics

Entre os Brics, o grupo de nações emergentes mais relevantes, a líder é a Rússia (66º lugar, com IDH 0,755), seguido de Brasil (84º lugar, IDH 0,718), China (101º lugar e IDH 0,687), África do Sul (123º lugar, IDH 0,619) e Índia (134 º lugar e IDH 0,547).
Além de Cuba, outro país que voltou à lista do IDH foi o Líbano, na 71ª posição. No total, esta lista conta com 18 novos países, a maior parte pequenas ilhas: Palau (49º), Seychelles (52º), Antígua e Barbuda (60º), Granada (67º), Saint Kitts e Nevis (72º), Dominica (81º) e Santa Lucia (82º) que entraram na frente do Brasil.

- Com O GLOBO

INVESTIGAÇÕES EM 5 MINISTÉRIOS APONTAM DESVIOS DE R$ 1,1 BILHÃO


QUASE 90 SERVIDORES PÚBLICOS SÃO SUSPEITOS DE ENVOLVIMENTO EM AÇÕES ESCUSAS

 

Manifestação anticorrupção em Brasília – Foto O Globo
Além de derrubar cinco ministros este ano, as investigações de desvio de recursos públicos em órgãos federais identificaram ao menos 88 servidores públicos, de carreira ou não, suspeitos de envolvimento em ações escusas que acumulam dano potencial de R$ 1,1 bilhão. Esse valor inclui recursos pagos e também dinheiro cuja liberação chegou a ser barrada antes do pagamento. A recuperação do que saiu irregularmente dos cofres públicos ainda dependerá de um longo e penoso processo, até que parte desse dinheiro retorne ao Erário.
Os desvios foram constatados em investigações da Controladoria Geral da União (CGU) e dos cinco ministérios cujos titulares foram exonerados — Transportes, Agricultura, Turismo, Esporte e Trabalho. Outros dois ministros — da Casa Civil e da Defesa — caíram este ano, mas não por irregularidades neste governo. Antonio Palocci (Casa Civil) saiu por suspeitas de tráfico de influência antes de virar ministro, e Nelson Jobim (Defesa), após fazer críticas ao governo.

- Com O Globo



OUTRO PARADIGMA: ESCUTAR A NATUREZA


Agora que se aproximam  grandes chuvas, inundações, temporais, furacões e deslizamentos de encostas temos que reaprender a escutar a natureza. Toda nossa cultura ocidental, de vertente grega, está assentada sobre o ver. Não é sem razão que a categoria central – idéia – (eidos em grego) significa visão. A tele-visão é sua expressão maior. Temos desenvolvido até os últimos limites a nossa visão. Penetramos com os telescópios de grande potência até a profundidade do universo para ver as galáxias mais distantes. Descemos às derradeiras partículas elementares e ao mistério íntimo da vida. O olhar é tudo para nós. Mas devemos tomar consciência de que esse é o modo de ser do homem ocidental e não de todos.
Outras culturas, como as próximas a nós, as andinas (dos quéchuas e aimaras e outras) se estruturam ao redor do escutar. Logicamente eles também veem. Mas sua singularidade é escutar as mensagens daquilo que veem. O camponês do antiplano da Bolívia me diz: “eu escuto a natureza, eu  sei o que a montanha me diz”. Falando com um  xamã, ele me testemunha: “eu escuto a Pachamama e sei o que ela está me comunicando”. Tudo fala: as estrelas, o sol, a lua, as montanhas soberbas, os lagos serenos, os vales profundos, as nuvens fugidias, as florestas, os pássaros e os animais. As pessoas aprendem a escutar atentamente estas vozes. Livros não são importantes para eles porque são mudos, ao passo que a natureza está cheia de vozes. E eles se especializaram de tal forma nesta escuta que sabem, ao ver as nuvens, ao escutar os ventos,  ao observar as lhamas ou os movimentos das formigas o que vai ocorrer na natureza.
Isso me faz lembrar uma antiga tradição teológica elaborada por Santo Agostinho e sistematizada por São Boaventura na Idade Media: a revelação divina primeira é a voz da natureza, o verdadeiro livro falante de Deus. Pelo fato de termos perdido a capacidade de ouvir, Deus, por piedade, nos deu um segundo livro que é a Bíblia para que, escutando seus conteúdos, pudéssemos ouvir novamente o que a natureza nos diz.
Quando Francisco Pizarro em 1532 em Cajamarca, mediante uma cilada traiçoeira, aprisionou o chefe inca Atahualpa, ordenou ao frade dominicano Vicente Valverde que com seu intérprete Felipillo lhe lesse o requerimento,um texto em latim pelo qual deviam se deixar batizar e se submeter aos soberanos espanhóis, pois  o Papa assim o dispusera. Caso contrário poderiam ser escravizados por desobediência. O inca lhe perguntou donde vinha esta autoridade.  Valverde entregou-lhe o livro da Bíblia. Atahaualpa pegou-o e colocou ao ouvido. Como não tivesse escutado nada jogou a Bíblia ao chão. Foi o sinal para que Pizarro massacrasse toda a guarda real e aprisionasse o soberano inca. Como se vê, a escuta era tudo para Atahualpa. O livro da Bíblia não falava nada.
Para a cultura andina tudo se estrutura dentro de uma teia de relações vivas, carregadas de sentido e de mensagens.  Percebem o fio que tudo penetra, unifica e dá significação. Nós ocidentais vemos as árvores mas não percebemos a floresta. As coisas estão isoladas umas das outras. São mudas. A fala é só nossa. Captamos as coisas fora do conjunto das relações. Por isso nossa linguagem é formal e fria. Nela temos elaborado nossas filosofias, teologias, doutrinas, ciências  e dogmas. Mas esse é o nosso jeito de sentir o mundo. E não é de todos os povos.
Os andinos nos ajudam a relativizar nosso pretenso “universalismo”. Podemos expressar as mensagens por outras formas relacionais e includentes e não por aquelas objetivísticas e mudas a que estamos acostumados. Eles nos desafiam a escutar as mensagens que nos vem de todos os lados.
Nos dias atuais devemos escutar o que as nuvens negras, as florestas das encostas, os rios que rompem barreiras, as encostas abruptas, as rochas soltas nos advertem. As ciências na natureza nos ajudam nesta escuta. Mas não é o nosso hábito cultural captar as advertências daquilo que vemos. E então nossa surdez nos faz vitimas de desastres lastimáveis. Só dominamos a natureza, obedecendo-a, quer dizer, escutando o que ela nos quer ensinar. A surdez nos dará amargas lições.

- Leonardo Boff é Teólogo e Filósofo

INFRAESTRUTURA: - GOVERNO ADIA PARA 2012 QUASE R$ 50 BI DE INVESTIMENTOS


Inoperância, falha em projetos, contenção de gastos, falta de atratividade ao setor privado. Independente do argumento, o fato é que o governo jogou para 2012 quase R$ 50 bilhões em investimentos que deveriam começar a deslanchar este ano. A implantação do trem-bala, orçado em R$ 33 bilhões, é um exemplo.
O adiamento de projetos, porém, é generalizado entre as mais diversas áreas de infraestrutura, a exemplo dos leilões de aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, a concessão de rodovias, como a BR-101, no Espírito Santo, além de hidrelétricas, como a usina de São Manoel.
Depois de três tentativas frustradas, o governo mudou o modelo do leilão do trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Em vez de licitar tudo junto - operador /tecnologia e obras civis -, o processo de concorrência ocorrerá de forma separada e independente.
Quando o projeto foi lançado no governo do ex-presidente Lula, falava-se que a obra estaria pronta para a Copa do Mundo de 2014. Depois, foi postergada para os Jogos Olímpicos de 2016. O cronograma, porém, foi estendido consideravelmente. A previsão é que o edital seja lançado até 10 de março e o leilão ocorra em 10 de setembro. As obras só devem se iniciar em 2014 e ser concluídas em 2019.
O efeito do atraso nos eventos esportivos que ocorrerão no País nos próximos anos é marginal, disse ao Estado o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. 'O impacto do projeto no evento e do evento no projeto é marginal. Essa é uma obra para o País.'
A dificuldade de fazer o leilão no sistema anterior, diz Figueiredo, é que as grandes empreiteiras, em vez de competirem entre si, se juntaram em um único bloco, dificultando a formação de consórcios. 'Agora vamos colocá-las para brigar. É melhor tê-las separadas do que juntas.'
Hidrelétricas. Por considerar uma 'obra para o futuro', Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), não vê tantos prejuízos para o País decorrentes do atraso do trem-bala. Ele chama a atenção, porém, para as consequências de postergação de leilões de hidrelétricas.
'O que dá prejuízo para o País é não viabilizar hidrelétricas. Isso nos leva a uma situação preocupante, pois além de não aproveitar potencial hidráulico, que é raro no mundo, tem efeito direto na economia.'
O principal problema no Brasil, na visão de Godoy, é a lacuna entre a decisão de investir e sua realização. 'O fato é que no Brasil o processo ainda é muito longo entre a decisão de investimento e sua realização.' Ele defende que o País precisa de 'projetos de gaveta' para ter um processo contínuo de investimento.
Bruno Batista, diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), faz duras críticas à gestão de investimentos. 'O governo não contrata bem, há muitos problemas nos contratos e o País, às vezes, acaba pagando pelo mesmo serviço.'
O Ministério do Planejamento disse, em nota, que eventuais atrasos são 'processos normais na elaboração de novos modelos de concessão'.

- Com Estadão