domingo, 27 de novembro de 2011

DESPERTAR A DIMENSÃO XAMÂNICA


A categoria sustentabilidade, tomada em seu sentido amplo e não apenas reduzida ao desenvolvimento, significa toda a ação que visa a manter os seres na existência porque tem  direito de coexistir conosco e só a partir desta convivência utilizamos com sobriedade e respeito uma porção deles para atender nossas necessidades e preservando-os também para as futuras gerações. Dentro deste conceito cabe também o universo. Sabemos hoje pela nova cosmologia que somos feitos de pó das estrelas e somos sustentados e atravessados pela inominável Energia de Fundo que tudo alimenta e que se desdobra nas quatro forças – a gravitacional, a eletromagnética, a nuclear fraca e forte – que, agindo sempre juntas, nos mantém assim como somos.  
Como seres conscientes e inteligentes temos o nosso lugar  e nossa função dentro do processo cosmogênico. Se  não somos o centro de tudo, seguramente, somos uma daquelas pontas avançadas pelas quais o universo se volta sobre si mesmo, vale dizer, se torna consciente. O princípio andrópico fraco nos concede dizer que para sermos o que somos,  todos as energias e processos da evolução se organizaram de forma tão articulada e sutil que permitiram o nosso surgimento, caso contrário não estaria aqui  escrevendo agora.
Através de nós, o universo e a  Terra se veem e se contemplam a si mesmos. A vista surgiu há 600 milhões de anos. Até lá a Terra era cega. O céu profundo e estrelado, as cataratas do Iguaçu, onde escrevo agora, o verdor das florestas, aqui ao lado, não podiam ser vistos. Pela nossa vista a Terra e o universo podem ver toda essa indescritível beleza.
Os povos originários, dos andinos aos samis do Ártico, se sentiam unidos ao universo, como irmãos e irmãs das estrelas, formando uma grande família cósmica. Nós perdemos esse sentimento de mútua pertença. Sentiam que forças cósmicas equilibravam o curso de todos os seres e atuavam em sua interioridade. Viver consoante estas energias universais era levar uma  vida sustentável, serena  e cheia de sentido.
Sabemos pela física quântica que a consciência e o mundo material estão conectados e a maneira que um cientista escolhe para fazer a sua observação, afeta o objeto observado. Observador e objeto observado se encontram indissoluvelmente ligados. Dai que a inclusão da consciência, nas teorias científicas e na própria realidade do cosmos, é um dado já assimilado por grande parte da comunidade científica. Formamos, efetivamente, um todo complexo e diversificado.
São conhecidas as figuras dos xamãs, tão presentes no mundo antigo e que hoje estão voltando com renovado vigor como o tem mostrado o físico quântico J. Drouot em se livro  O Xamã, o Físico e o Místico (Record 2002) que tive a honra de prefaciar. O xamã vive um estado de consciência singular que o faz  entrar em contato íntimo com  as energias cósmicas. Ele entende o chamados das montanhas, dos lagos, das florestas, dos animais e, das estrelas e dos outros. Sabe conduzir tais energias para curar e harmonizar o ser humano com o todo.
Em cada um de nós existe a dimensão xamânica, escondida dentro de nossa interioridade Essa energia xamânica nos faz silenciar diante da grandeza do mar, vibrar diante do olhar da pessoa amada e estremecer face a um recém nascido. Precisamos liberar esta dimensão em nós para entrarmos em sintonia com tudo o que nos cerca e sentirmo-nos em paz.
Talvez nossa vontade de viajar com as naves espaciais na direção do espaço cósmico, não seja  o desejo arquetípico de buscar nossas origens estelares e o ímpeto de regressar ao lugar de nosso nascimento? Vários astronautas expressaram semelhantes idéias.
Pertence à noção compreensiva de sustentabilidade, esta nossa busca incontida de equilíbrio com o todo e de sentirmo-nos parte do universo. A sustentabilidade comporta valorizar este capital humano e espiritual cujo efeito é produzir em nós respeito, sentido de sacralidade diante de todas as realidades, valores que alimentam a ecologia profunda e que nos ajudam  a respeitar e a viver em sintonia com a Mãe Terra. Hoje faz-se urgente essa atitude, para moderar a força destrutiva que nas últimas décadas tomou conta de nós.

- Leonardo Boff é teólogo e filósofo                                           

COMO TER UM CONSUMO SUSTENTÁVEL?


ESPECIALISTAS DIZEM QUE É PRECISO MUDAR HÁBITOS E COBRAR AÇÕES DAS EMPRESAS E DO GOVERNO

Consciência ambiental, sustentabilidade, uso racional dos recursos naturais. À primeira vista, esses termos podem parecer estranhos ao universo da defesa dos direitos do consumidor. A verdade, porém, é que a relação entre a preservação do meio ambiente e o consumo está cada vez mais estreita. Especialistas observam que, para diminuir a poluição do planeta, é preciso mudar os hábitos e incorporá-los ao dia a dia, de forma que a nova prática atinja a família, o trabalho e outros ambientes. Nesta penúltima reportagem da série para marcar os 30 anos da Defesa do Consumidor, comemorados no último dia 25 de novembro, vamos mostrar que essa preocupação com o futuro do planeta começa com mudanças cotidianas e deve chegar à cobrança de uma nova postura das empresas e do governo.
Lisa Gunn, coordenadora-executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ressalta que desde a Rio-92 ficou claro que os nossos principais problemas socioambientais são derivados dos atuais padrões de consumo. Para que haja sustentabilidade no planeta é preciso que os hábitos sejam mudados, não adianta tomar atitudes esporádicas:
— “Para que haja mudança significativa é preciso que todos sejam responsáveis e façam a sua parte, o consumidor, as empresas e o governo. Os atuais padrões de consumo são insustentáveis.”, firma a coordenadora do Idec.
Lisa salienta que, além de separar o lixo orgânico do seco, é preciso cobrar a coleta seletiva:
— “Os atuais padrões de consumo são insustentáveis. Se todo mundo tiver um carro, as cidades ficarão intransitáveis. Por outro lado, é preciso ter um sistema de transporte de massa eficiente para que se possa abrir mão do carro. Ainda assim, o ideal é que se pesquise e se escolha um carro que seja mais econômico e tenha menos emissão de poluentes.”, continua Lisa.
Na opinião de Lisa, mesmo que a Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não esteja regulamentada, os consumidores devem cobrar das empresas maior rapidez na implementação dessas políticas.
A estudante de publicidade Natalie Amendola aprendeu, ainda na escola, como se tornar uma consumidora consciente. Hoje, aos 21 anos, ela é daquelas que se preocupam com o impacto causado pelo setor produtivo sobre a sociedade e o meio ambiente.
— “No colégio onde estudei havia palestras e reuniões sobre reciclagem, uso racional da energia e da água. Desde aquela época me interesso por esses temas, e hoje considero-me uma consumidora consciente. Penso, reflito antes de entrar numa loja.”, conta ela, que afirma já ter deixado de comprar roupas de uma marca depois que a fábrica foi acusada de utilizar na produção empregados em situação análoga à escravidão:
— “Não sou radical, mas dou preferência aos produtos de boas empresas. Na alimentação, tento comprar sempre orgânicos produzidos por pequenos agricultores.”.
Natalie, que mora com a família, separa o lixo doméstico e o leva até uma cooperativa perto de sua casa:
— “Sinto-me meio isolada em casa, Só minha mãe me apoia. Meus irmãos, mais novos, ainda não têm essa preocupação. Ter essas atitudes dá trabalho, é mais fácil fazer como os outros, jogar o lixo sem separar.
A coordenadora institucional da Pro Teste Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, observa que é preciso incorporar novos hábitos:
— “O consumo sustentável abrange tudo. É preciso pensar nisso desde a hora em que se acorda, economizando água, luz, telefone. Comprando menos detergentes e levando a sacola para o supermercado. Não comprar o que pode não usar para não ter desperdício. Tem que começar em casa e fazer sempre. Não se muda da noite para o dia, é preciso ir incorporando, ampliando as ações e dando exemplos para outros grupos, como trabalho, vizinhança.
Para o ator Max Fercondini, o interesse pelo tema meio ambiente aumentou quando ele se tornou apresentador do programa "Globo Ecologia". Hoje, ele se considera um consumidor mais consciente:
— “O programa me dá bastante acesso a informações e pesquisas sobre o assunto. Leio muito a respeito. Não faço apologia, mas temas como mudanças climáticas costumam vir à tona nas rodas de amigos. Tenho alertado muito as pessoas sobre o uso excessivo da água. E também de produtos descartáveis. Deixei de usar aparelhos de barbear feitos de plástico.”.
Otimista quanto à ampliação do consumo consciente e responsável, Fercondini destaca que as empresas estão muito lentas para atender a uma demanda que cresce a cada dia.
Atitudes como as da professora de geografia Aline Magalhães — que costuma se deslocar de bicicleta pela cidade, evitando veículos poluentes —revelam que, se não se apressarem, as empresas poderão perder uma grande oportunidade de conquistar clientes fiéis, que fazem questão de se associar a marcas que primam pela qualidade e responsabilidade social:
— “A postura das empresas em relação à sociedade e ao meio ambiente influencia totalmente minhas decisões de compra. Já deixei de consumir fast-food e produtos de empresas que não respeitam os trabalhadores. Estou sempre pesquisando na internet sobre isso. Prefiro produtos orgânicos e evito até copo descartável, levo uma caneca para o trabalho. Precisamos compreender que os recursos naturais são finitos.”.
Nem todas as inovações valem a pena, afirma advogado
Professor do curso de Direito Ambiental da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e presidente da Comissão de Meio Ambiente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Paulo Bessa, ressalta que as iniciativas de consumidores que buscam ser sustentáveis, como a reciclagem do lixo, são válidas e importantes. Entretanto, ressalta que é preciso estar atento para não acabar se dedicando a ações sem efeito.
— “A reciclagem é importante, porém mais importante é diminuir a geração de resíduos, porque, muitas vezes, a própria reciclagem também consome muita energia.”, diz o advogado.
Segundo ele, a volta das sacolas para compras e das garrafas de vidro retornáveis revela que muitos produtos do passado eram menos nocivos ao meio ambiente.
— “O que mostra que não é só porque é novo que é melhor. Precisamos ver quais são as inovações que valem a pena.”.

- Com agencia de noticias

ECONOMIST: - DILMA ROUSSEFF DEVERIA SER 'MAIS RADICAL EM FAXINA POLÍTICA'


QUEDA DE MINISTROS DO GOVERNO DILMA SEGUE 'UM CONHECIDO ROTEIRO’

Carlos Lupi e Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff teria capital político para ser "mais radical em sua faxina política", opinou a revista Economist em reportagem publicada na quinta-feira, 24 de novembro que começa descrevendo o "conhecido roteiro" de queda de ministros no governo brasileiro: alegações de corrupção, negações, novas provas, demissão.
- "Agora, Carlos Lupi, o ministro dos Transportes, parece ser o próximo a sair", diz a revista.
Para a Economist, porém, a faxina ministerial, ainda que conte com aprovação popular, "meramente toca na superfície de um problema com raízes na forma como a política se desenvolveu no Brasil", citando a troca de cargos executivos por apoio legislativo, com o objetivo de conseguir a aprovação de projetos.
Em entrevista à publicação, Sylvio Costa, do site Congresso Em Foco, diz que o Brasil tem "uma presidente forte que não consegue fazer nada sem o apoio do Congresso. E esse apoio tem que ser comprado.".

Agenda política

"A presidente Dilma Rousseff deu poucos sinais de que está interessada em fazer mudanças radicais nesse sistema político de patronagem.", afirma a reportagem.
- "É mais possível que ela simplesmente continue a mandar embora os ministros mais pecadores quando denúncias chegarem ao seu conhecimento."
Na opinião da reportagem, porém, Dilma Rousseff poderia apostar em reformas políticas mais profundas, considerando que "muito da agenda política da presidente - como melhorar a educação e a saúde, eliminar a pobreza extrema e investir em infraestrutura - não depende da aprovação do Congresso".

- Com agencias de noticias