Dilma Rousseff |
A presidente Dilma Rousseff discursou em dois eventos nas Nações Unidas e criticou na segunda-feira, 19 de setembro o uso da força na solução de conflitos, durante evento realizado na ONU, em Nova York, sobre a participação das mulheres na política.
- "As mulheres são especialmente interessadas na construção de um mundo pacífico e seguro. Quem gera vida não aceita a violência como meio de solução de conflitos.", afirmou.
Em março, o Brasil se absteve em votação no Conselho de Segurança da ONU que aprovou a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia para proteger civis das forças leais ao líder líbio Muamar Khadafi.
À época, o Itamaraty afirmou que a intervenção de forças estrangeiras na Líbia permitida pela resolução poderia acirrar os confrontos no país, além de incluir atores externos em um processo que, segundo o governo, deveria ser conduzido pelos líbios.
Segundo Dilma, "a existência de conflitos armados vitima principalmente mulheres e crianças".
Ao falar sobre políticas públicas, ela afirmou que, no Brasil, as mulheres têm prioridade nos programas de transferência de renda e habitação.
- "São as mulheres que tanto sofrem com a pobreza as maiores aliadas das políticas para a sua superação", afirmou. "Também são aliadas do desenvolvimento sustentável e da necessária mudança nos padrões de consumo".
Além da presidente, compareceram ao evento a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a ex-presidente do Chile Michele Bachelet, e a representante da União Europeia para Assuntos Externos, Catherine Ashton, entre outras mulheres chefes de Estado e altas funcionárias de órgãos globais.
Políticas para saúde
Na parte da manha, ela fez sua estreia na ONU como chefe de Estado ao discursar em um evento sobre doenças crônicas não transmissíveis.
Em sua fala, a presidente defendeu a flexibilização dos direitos de propriedade intelectual em políticas para saúde.
- "O Brasil respeita seus compromissos em matéria de propriedade intelectual, mas está convencido de que as flexibilizações previstas no acordo Trips da OMC (Organização Mundial do Comércio) são indispensáveis para políticas que garantam o direito à saúde.", afirmou.
O acordo Trips busca reduzir as assimetrias entre as diferentes legislações nacionais sobre propriedade intelectual, tornando-as sujeitas a regras internacionais comuns e estabelecendo níveis mínimos de proteção que cada governo deve dar à propriedade intelectual.
Ela disse ainda que seu governo tem ampliado a distribuição de medicamentos, especialmente para o tratamento de diabetes e hipertensão, e combatido outros fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis.
Encontro de Dilma e Obama
A presidenta Dilma Rousseff se reúnirá na terça, 20 de setembro com os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e do México, Felipe Calderón. Com ambos, o principal assunto deverá ser o impacto da crise econômica mundial. Nas conversas, a presidenta deverá mencionar suas preocupações com eventuais prejuízos gerados pela crise, segundo assessores que a acompanham em Nova York.
Nas reuniões com os presidentes, Dilma Rousseff deverá dizer que é fundamental preservar acordos e buscar a manutenção da estabilidade econômica para evitar efeitos nos projetos sociais. Na conversa com Obama, segundo diplomatas, a presidente pretende confirmar sua visita em 2012 aos Estados Unidos, em retribuição à viagem que o norte-americano fez ao Brasil em março.
Inicialmente, se reúnirá com Obama e Calderón. Depois, eles participam da abertura dos debates do grupo denominado Governo Aberto – que engloba 60 países que se comprometem a discutir e a executar políticas públicas transparentes. A partir dessa ação, os países que integram o grupo pretendem por em prática medidas internas de transparência e prestação de contas.
A próxima reunião do chamado Governo Aberto ocorrerá em 2012 no Brasil. A Controladoria-Geral da União (CGU) organiza o evento.O controlador-geral da União, Jorge Hage, também acompanha a presidenta na viagem a Nova York.
Agenda
Na terça-feira, 20 de setembro, Dilma Rousseff receberá o prêmio Woodrow Wilson para Serviços Públicos, concedido pelo instituto Woodrow Wilson International Center for Scholars.
O evento mais importante da agenda da presidente em Nova York ocorrerá na quarta-feira, quando ela discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU. Será a primeira vez que uma mulher proferirá o discurso de abertura do evento, tradicionalmente a cargo do Brasil.
Paralelamente à abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, Dilma tem uma série de encontros bilaterais com presidentes e o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Há reuniões agendadas para esta quarta-feira com os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, do Chile, Sebastián Piñera, do Peru, Ollanta Humala, e da Colômbia, Juan Manuel Santos.
No discurso que fará amanhã, a presidenta disse que pretende dar um tom de “esperança”.
- “É a fala de esperança”, resumiu ela, que pretende abordar a preocupação com os conflitos nos países muçulmanos, a necessidade de adotar medidas relativas ao desenvolvimento sustentável – lembrando a Conferência Rio+20, que ocorrerá em 2012 no Rio de Janeiro – e a defesa da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
- Com agencias de notícias