sábado, 30 de julho de 2011
RECURSOS DO MDA INCENTIVAM A RECUPERAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NA REGIÃO SERRANA
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) reuniu, na quinta-feira, 28 de julho, na capital do Rio de Janeiro, prefeitos e secretários de agricultura de sete municípios da Região Serrana do estado para anunciar a liberação de R$ 4,9 milhões para recuperação de empreendimentos da agricultura familiar prejudicados pelas enchentes de janeiro deste ano.
São ao todo sete retroescavadeiras, sete caminhões e nove patrulhas mecanizadas, adquiridos com o recurso do Governo Federal e que vão ser repassados aos municípios de Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis, Santa Maria Madalena, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Teresópolis.
- “As prefeituras deverão se cadastrar no Siconv, preencher os dados exigidos e encaminhar as propostas para a aquisição dos equipamentos. A chegada das máquinas nas comunidades rurais está diretamente ligada à rapidez das prefeituras na elaboração e apresentação das propostas”, adiantou o delegado do MDA no Rio de Janeiro, Jaime Martins.
Na reunião, realizada na Superintendência Regional do Banco do Brasil, Martins orientou os administradores municipais quanto aos procedimentos legais e administrativos exigidos para a formalização dos repasses.
Também destacou a obrigatoriedade dos equipamentos serem usados pelas prefeituras exclusivamente na recuperação e preparação do solo nas áreas agricultáveis, na abertura de estradas vicinais, no escoamento da produção e em demais atividades de apoio direto ou indireto à agricultura familiar.
- “Essas máquinas vão chegar em boa hora para os agricultores familiares da nossa região.”, declarou o secretário de agricultura de Teresópolis, Denilson Moraes, um dos municípios mais atingidos pela força das enchentes.
Agricultura familiar recomeça do zero
Segundo ele, a agricultura familiar de Teresópolis recomeça praticamente do zero após a destruição provocada pelas chuvas. Bloqueios de estradas, falta de energia elétrica e inundações nas áreas de plantio provocaram prejuízos estimados em cerca de R$ 7 milhões, somente na agricultura local.
- “Voltamos à estaca zero. E isso é catastrófico quando a agricultura corresponde a cerca de 60% da economia do município. Mas estamos conseguindo resgatar nossa produção e, nesse sentido, os equipamentos viabilizados pelo MDA vão ajudar muito porque Teresópolis contará com melhores meios para aumentar a produtividade e garantir o escoamento da agricultura familiar.”, comemorou o secretário Moraes.
Sumidouro, maior fornecedor de hortaliças do estado do Rio de Janeiro e município que registra a maior quantidade de financiamentos do Pronaf contratados - e consequentemente o maio número de Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAP) emitidas - foi um dos municípios que mais sofreram com as inundações.
Com 85% da população residindo na área rural e vivendo da agricultura, principalmente de porte familiar, Sumidouro amargou prejuízos de R$ 55 milhões, segundo a Defesa Civil do Rio de Janeiro, com inundações e deslizamentos que destruíram as áreas cultivadas, dentre outras ocorrências.
No entanto, segundo o prefeito Juarez Gonçalves, o que mais prejudicou a agricultura familiar no seu município foi o fechamento das vias de acesso às comunidades produtivas.
- “Sofremos com a queda de pontes e a obstrução das nossas estradas. Com o trânsito interrompido nossa produção ficou estragando nas comunidades, causando enormes prejuízos financeiros aos agricultores familiares, em um momento delicado das suas vidas”, contou Gonçalves.
O prefeito afirmou que na ocorrência de situações semelhantes às vividas em janeiro passado, a chegada da retroescavadeira e da patrulha mecanizada, adquiridas com o dinheiro repassado pelo MDA, deixará Sumidouro em condição de atender com mais rapidez e eficiência às demandas de manutenção das vias de acesso, possibilitando a continuidade do transporte da produção e do acesso às comunidades mais afastadas.
Pronaf e documentos ajudam a resgatar a cidadania dos agricultores
O recurso para a compra dos equipamentos foi mais uma das ações desenvolvidas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário para apoiar as famílias de agricultores familiares atingidas pela enxurrada.
Desde a tragédia, o MDA liberou R$ 3,7 milhões em créditos da linha emergencial do Pronaf, R$ 2 mil por família para ajudar na recuperação da infraestrutura e na retomada da produção de 1,8 mil agricultores familiares daquela região do Rio de Janeiro.
Além disso, apenas um mês após a tragédia, o MDA, em parceria com o Incra, promoveu um mutirão que concedeu gratuitamente 1,7 mil documentos básicos, certidões de nascimento, cédulas de identidade, certificados de pessoas físicas e carteiras de trabalho, dentre outros às vítimas das chuvas na Região Serrana.
- Com Secom DFDA- RJ
A MAGIA DO FUTEBOL
- Maurício Siaines
O futebol movimentou energias adormecidas em muitas almas na última quarta-feira, 27 de julho. Nova Friburgo em particular mobilizou-se com o último jogo da série B do campeonato estadual entre Friburguense e Serra Macaense, às 15h no Estádio Eduardo Guinle. O empate em 2 a 2 deu ao clube da cidade o direito de voltar à primeira divisão do futebol do Rio de Janeiro.
À noite, já às 22h, o Flamengo venceu o Santos, na Vila Belmiro, em Santos, por 5 a 4, em um dos jogos mais extraordinários dos últimos tempos, que foi assunto ... ia dizer que foi assunto em todo o planeta, mas antes que digam que é um exagero de torcedor ... digam o que quiserem, a virada do Flamengo, que aos 25 minutos do primeiro tempo já perdia por 3 a 0 deve ter sido falada no Oriente Médio, no Tibet, na Alemanha, no Canadá e na Patagônia. E no Brasil inteiro, é claro. Em Nova Friburgo o futebol foi combustível para o alto-astral de qualquer pequeno grupo de conhecidos que se encontravam.
Gente afeita à busca da representação de grandes e contraditórias emoções, como o dramaturgo Nélson Rodrigues, ou à decifração de signos da vida social, como o antropólogo Roberto DaMatta, viram no futebol um objeto para onde voltar suas preocupações. Ditadores, como Benito Mussolini (1883-1945) e Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), tentaram atrair para si e para sua obra política a energia despertada pelo futebol. Sem dúvida, é algo muito além de um esporte, trata-se de um jogo em que as coisas da vida se fazem representar com razão e emoção.
É claro que o futebol não vai resolver milagrosamente os problemas desta cidade ou de qualquer comunidade humana, mas pode significar uma disposição coletiva para fazê-lo. Um filme de 2003, do diretor alemão Sönke Wortmann, O milagre de Berna, trata do modo como o jogo final a Copa do Mundo de 1954, entre Alemanha e Hungria, representou uma espécie de volta por cima dos alemães, sofridos com as tragédias do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. Entre os diversos personagens do filme, Sepp Herberger (1897-1977), o técnico do time alemão, é notável pelo equilíbrio e pela elegância em sua lida com os ânimos dos jogadores e com os jornalistas e, especialmente, pelo modo claro e objetivo como encara os problemas que tem pela frente.
No dia do jogo final contra a seleção da Hungria, a preleção de Herberger a seus jogadores é, ao mesmo tempo, uma análise e uma sutil exortação. Com tranquilidade, ele diz o seguinte:
“Perdemos o primeiro jogo para a Hungria por 8 a 3. Foi doloroso. Mas, como é sabido, todas as coisas boas têm seu lado ruim e vice-versa. O que os oito gols nos ensinaram? A Hungria tem um time fantástico. Não perdem há quatro anos. Além de Lorant, Kocsis, Bozsik e Puskas, eles só têm jogadores que nunca perderam com a camisa da seleção. Mas isto não significa que são imbatíveis. Porque nós também marcamos três gols. Isto quer dizer que são vulneráveis.”
Depois desta introdução, o treinador alemão orientou seus jogadores, e a Alemanha, surpreendentemente, venceu aquele segundo jogo com a Hungria por 3 a 2 e foi campeã do mundo. Que nós, cidadãos de Nova Friburgo, depois da tragédia das chuvas de janeiro, depois das denúncias de mau uso de recursos públicos, aproveitemos as energias liberadas pelo futebol para, com a mesma elegância de Herberger, dar todas as voltas por cima necessárias!
À noite, já às 22h, o Flamengo venceu o Santos, na Vila Belmiro, em Santos, por 5 a 4, em um dos jogos mais extraordinários dos últimos tempos, que foi assunto ... ia dizer que foi assunto em todo o planeta, mas antes que digam que é um exagero de torcedor ... digam o que quiserem, a virada do Flamengo, que aos 25 minutos do primeiro tempo já perdia por 3 a 0 deve ter sido falada no Oriente Médio, no Tibet, na Alemanha, no Canadá e na Patagônia. E no Brasil inteiro, é claro. Em Nova Friburgo o futebol foi combustível para o alto-astral de qualquer pequeno grupo de conhecidos que se encontravam.
Gente afeita à busca da representação de grandes e contraditórias emoções, como o dramaturgo Nélson Rodrigues, ou à decifração de signos da vida social, como o antropólogo Roberto DaMatta, viram no futebol um objeto para onde voltar suas preocupações. Ditadores, como Benito Mussolini (1883-1945) e Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), tentaram atrair para si e para sua obra política a energia despertada pelo futebol. Sem dúvida, é algo muito além de um esporte, trata-se de um jogo em que as coisas da vida se fazem representar com razão e emoção.
É claro que o futebol não vai resolver milagrosamente os problemas desta cidade ou de qualquer comunidade humana, mas pode significar uma disposição coletiva para fazê-lo. Um filme de 2003, do diretor alemão Sönke Wortmann, O milagre de Berna, trata do modo como o jogo final a Copa do Mundo de 1954, entre Alemanha e Hungria, representou uma espécie de volta por cima dos alemães, sofridos com as tragédias do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. Entre os diversos personagens do filme, Sepp Herberger (1897-1977), o técnico do time alemão, é notável pelo equilíbrio e pela elegância em sua lida com os ânimos dos jogadores e com os jornalistas e, especialmente, pelo modo claro e objetivo como encara os problemas que tem pela frente.
No dia do jogo final contra a seleção da Hungria, a preleção de Herberger a seus jogadores é, ao mesmo tempo, uma análise e uma sutil exortação. Com tranquilidade, ele diz o seguinte:
“Perdemos o primeiro jogo para a Hungria por 8 a 3. Foi doloroso. Mas, como é sabido, todas as coisas boas têm seu lado ruim e vice-versa. O que os oito gols nos ensinaram? A Hungria tem um time fantástico. Não perdem há quatro anos. Além de Lorant, Kocsis, Bozsik e Puskas, eles só têm jogadores que nunca perderam com a camisa da seleção. Mas isto não significa que são imbatíveis. Porque nós também marcamos três gols. Isto quer dizer que são vulneráveis.”
Depois desta introdução, o treinador alemão orientou seus jogadores, e a Alemanha, surpreendentemente, venceu aquele segundo jogo com a Hungria por 3 a 2 e foi campeã do mundo. Que nós, cidadãos de Nova Friburgo, depois da tragédia das chuvas de janeiro, depois das denúncias de mau uso de recursos públicos, aproveitemos as energias liberadas pelo futebol para, com a mesma elegância de Herberger, dar todas as voltas por cima necessárias!
- Maurício Siaines é jornalista e mestre em sociologia
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