O aeródromo Minas Gerais |
Muitos se lembram, 1957, o Brasil negociava um aeródromo, o antigo Vengeance veterano de batalhas da Royal Navy que se chamou de Minas Gerais. Na época, em um contexto de ameaças bem menos clamante, o comediante Juca Chaves ironizava em canção desafinada, patética mesmo: “O Brasil já vai à guerra, comprou porta-aviões”. Deve ser dito, naquela década existia aqui quase que exclusivamente uma indústria leve de consumo, dedicada à produção de bem perecíveis e semiduráveis.
Eis que, passados sessenta anos, já fabricamos petroleiros com tecnologia náutica de alto nível e de tonelagem superior ao do Velho Minas. De repente um gigante adormecido se alça como a oitava economia do mundo, as ameaças ganham contornos imprevisíveis e as fontes de seus inesgotáveis recursos naturais são proclamadas como “patrimônio da humanidade”. A surpresa é tamanha e ele surpreendido fica atônito, perdido tal qual deputado sem ficha limpa que hoje quer se reeleger. Sem comando, se mantém hoje, guardadas as devidas proporções, a mesma fragilidade que tínhamos nos anos “50”. Simplesmente a potencialização de recursos soberbos avançou muito em relação ao grau de segurança que, ainda indisponível, se impõe para sua garantia.
Lula, fraco mas abusado, interagia como alguns que o precederam, muito emproado, se os poderosos colocavam as mangas de fora postulando seu quinhão amazonense, Luis Inácio estufava o peito e dizia: -“O Brasil precisa mostrar os dentes por causa da Amazônia e da reserva do pré-sal”. Para ele comprar material bélico no exterior era como que arreganhar a dentadura. Haja paciência, que tamanha ingenuidade! Se a “Santa Aliança do CS/ONU” mostrar o relho nossos cariados vão cair de podres!
Nosso “precavido” Luis Inácio ainda dizia que “quanto mais preparados estivessem os militares brasileiros, menor seria o risco de uma guerra”. Mas eles vão se preparar como, com que armas? Presidenta Dilma, valha-me Deus! ! Os porta-aviões da 4ª Frota-USA têm muito mais caças do que se quer comprar para a FAB, isto sem falar nos três ou quatro submarinos nucleares daquela força tarefa que, além da propulsão, são dotados de mísseis, convencionais e atômicos, que podem ser lançados mesmo na situação de nave submersa. A conclusão a que se chega é que governantes, políticos, mas também a sociedade não está nem aí. Com a palavra a nova comandante em chefe de nossas Forças Armadas!
Cidadão brasileiro, povo deste imenso País indefeso, é preciso aceitar a realidade. As palavras foram ditas, sim, por um civil de envergadura sem par, é Rui Barbosa quem vaticina -“Uma nação que confia em seus direitos em vez de confiar em seus soldados engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda”. Presidenta! Nossos guerreiros com medidas paliativas não se sustentam. Eles carecem de poder definitivo não para fazer guerras, que isso fique bem entendido, mas, para o inimigo desistir da luta. Iraque, Afeganistão, Líbia, os exemplos estão aí, quando os cães de guerra resolvem intervir, “para proteção da população civil”, não há quem os segure! Que não se duvide, seus “bombardeios cirúrgicos” já mataram no Oriente Médio muito mais mulheres e crianças do que qualquer sultão mal intencionado. Alerta! Nossos “kosovos indígenas” já estão mostrando as unhas!
E quanto à potência mambembe herdada por Dilma? Sim, aquela que quer porque quer um acento permanente no “Conselho de Segurança”, com direito a veto nas mesmas condições dos “senhores da guerra”. Ah! A ONU, com certeza, vai apontar o “mapa do caminho” para o seu postulado … . Acredite quem quiser.
- Paulo Ricardo da Rocha Paiva é coronel de Infantaria e Estado-Maior, doutor em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
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