terça-feira, 29 de novembro de 2011

R$ 350 MILHÕES: A ESTRADA DO CONTORNO DE NOVA FRIBURGO


UMA OBRA CARA, MUITO DANOSA AO MEIO AMBIENTE E DE POUCA SERVENTIA PARA A CIDADE

 
O governo do Estado do Rio de Janeiro está para iniciar uma obra chamada de estrada do contorno de Nova Friburgo, seguindo um projeto orçado em mais de R$ 350 milhões. É na verdade um desvio de aproximadamente 35 km de extensão e não um contorno a Nova Friburgo.
Se de fato se materializar unirá Mury (a 9 km ao sul da cidade) a S. José do Ribeirão (distrito de Bom Jardim) além, e seu traçado cortará o do Vale do Stucky, Colonial 61 e Ribeirão, e se destinará unicamente ao tráfego pesado e outros que queiram evitar totalmente a cidade... Não haverá como chegar à cidade uma vez adentrado este desvio pois ele conduzirá o tráfego diretamente a S. José do Ribeirão.
Será uma obra muito complexa, com previsão de um túnel extenso em Mury e com grande impacto ambiental. Ela irá cortar, por mais de 30 km, uma região das mais intocadas de Nova Friburgo, composta de um vale estreito e com grande cobertura florestal nativa. É o caso até de se questionar como um projeto desses conseguiria liberação dos órgãos ambientais.
Seria então este o projeto e traçado mais adequado a Nova Friburgo?

Claro que não!!

Isto porque este projeto peca gravemente em dois aspectos:

- 1. Impacto negativo intenso, tanto ambiental como ao importante polo turístico da região Mury-Stucky-Ribeirão.
O Vale Stucky-Colonial 61-Ribeirão é estreito (muito estreito em alguns trechos), escarpado, faz parte da região contígua a Lumiar e São Pedro e é uma das últimas áreas ainda preservadas de Nova Friburgo e Bom Jardim. É de grande beleza mas de topografia difícil e por isso seu maior potencial econômico sustentável está no turismo de qualidade com suas matas nativas, água e fauna abundantes. Tanto é que nos últimos anos o polo turístico de Mury, um grande gerador de renda, tem se expandido para o vale trazendo múltiplos benefícios. Esta obra irá descaracterizar toda a região e seu traçado deixará grandes cortes nas encostas e atravessará concentrações da mata nativa. Com certeza este não é o lugar para passar uma rodovia de tráfego intenso que irá agredir o que Nova Friburgo tem de mais valioso. Este patrimônio ambiental, através da manutenção e expansão do turismo de qualidade, é um pilar importantíssimo para a recuperação econômica de Nova
Friburgo.

- 2. Contribuição nula para solução do atual tráfego caótico de Nova Friburgo.
Esta obra de rodovia-desvio nada contribuirá para resolver a situação crítica do trânsito em Nova Friburgo. Hoje, o transito caótico e congestionado em Nova Friburgo é gerado pelo tráfego que se encontra ou se destina à própria cidade, tráfego esse para o qual o desvio será totalmente inútil. Já faz tempo que o tráfego local é um problema bem mais grave que o tráfego pesado que passa obrigatoriamente pela cidade para outros destinos.

Portanto, o que Nova Friburgo realmente precisa é de uma via de trânsito alternativa ao seu único eixo viário, que atenda tanto às necessidades do volumoso tráfego local como do tráfego (pesado ou não) que deseja evitar a cidade.
Por esta razão foi feito um outro projeto, com traçado na forma de um arco viário, que seria realmente uma estrada de contorno e não um desvio. Este projeto, orçado em torno de R$ 160 milhões, evitaria a construção do trecho Mury - S.J.Ribeirão e implicaria—partindo de um ponto entre a Ponte da Saudade e o Bairro Ypu—unir a RJ-116 (rodovia Mury-Centro) à RJ-150 (estrada Chácara-S. J. do Ribeirão). Uma vez atingida a RJ 150, tanto poderia o tráfego local se voltar rapidamente para a Chácara do Paraíso, e assim chegar a todos os bairros do norte da cidade evitando seu eixo central, como poderia o tráfego pesado descer pela RJ-150 para igualmente atingir S. José do Ribeirão através desta estrada já existente e aí sim seguir rumo norte do RJ via a nova rodovia planejada. Tudo isso sendo atingido com custo, percurso e impacto ambiental muito reduzido e ao mesmo tempo evitando por completo o centro da cidade, assim contemplando as reais necessidades de Nova Friburgo e do tráfego que deseja evitá-la.
Mas o que se percebe, no entanto, é que o governo do Estado do Rio de Janeiro está decidido a partir para a obra do desvio, apesar dela ser pouco útil à cidade, custar mais que o dobro (R$ 350 milhões versus R$ 160 milhões para o arco) e ter um impacto ambiental imensamente maior.
Nova Friburgo, portanto, corre um sério risco de ter uma obra viária faraônica imposta no seu entorno degradando seu valioso patrimônio ambiental e turístico enquanto a cidade padece de um trânsito infernal que caminha a passos largos para um impasse total.
E mais, é justo exigir que uma obra tão cara estivesse intimamente associada a uma visão estratégica de desenvolvimento da cidade de Nova Friburgo com seus 190 mil habitantes e 90 mil carros registrados. Seu futuro, seja como polo universitário, médico hospitalar, turístico e outros já sugeridos e mesmo a segurança de Nova Friburgo (vide os acidentes climáticos recentes) dependem de um sistema viário compatível, cuja cons trução jamais estará ao alcance da prefeitura local. É estranho, portanto, que o Estado parta para um projeto tão agressivo ambientalmente e que privilegia unicamente uma fuga da cidade ao invés de solucionar seu gravíssimo problema viário.
Este projeto de rodovia-desvio precisa ser revisto. Lute você por isso. É importante que as autoridades, especialmente as ambientais, sejam duramente questionadas a respeito dessa obra para assim preservar nosso precioso patrimônio ecológico, tão fundamental ao nosso setor turístico, como também assegurar que nós contribuintes e friburguenses conquistemos algo de fato indispensável para o futuro de cidade. Cabe perguntar quando é que, uma vez gastos R$ 350 milhões num desvio de Nova Friburgo, irão aparecer outros milhões para resolver o verdadeiro problema de trânsito da cidade?

- Andrew M. Hollick - Engenheiro agrônomo, Presidente da Associação de Produtores, Moradores e Amigos do Stucky e Colonial 61.

Um comentário:

  1. Tá maluco ! Interna no hospício que é caso grave! Carlos Pinto : é matéria paga ou é sua opinião também?

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