LÍDERES DE FRANÇA E ALEMANHA NÃO CONSEGUIRAM OBTER CONSENSO PARA UM TRATADO DA UE
Ao centro Nicolas Sarkozy e Angela Merkel |
Países europeus aderiram nesta sexta-feira, 9 de dezembro a um pacto de controle fiscal e orçamentário, com o objetivo de enfrentar a crise econômica do bloco e tentar restaurar a confiança dos mercados no euro.
Porém, por conta de objeções de países como a Grã-Bretanha, não haverá um tratado que abranja a União Europeia – como queriam Alemanha e França –, e sim um pacto intergovernamental, que provavelmente será firmado por 23 países do continente.
O pacto inclui penalidades automáticas para países cujo deficit público exceda 3% de seu PIB; a antecipação, para julho de 2012, de um Mecanismo Europeu de Estabilidade (fundo permanente de resgate para os países da região); e um financiamento de 200 bilhões de euros a países endividados, a ser provido por países europeus para o FMI.
A ausência de um tratado que englobe toda a UE deve fazer com que as medidas sejam menos rigorosas, diz o editor de Europa da BBC, Gavin Hewitt. O lado positivo é que o pacto intergovernamental deverá ser aprovado mais rapidamente do que um tratado seria.
Mais detalhes das medidas serão anunciadas ainda nesta sexta-feira, durante a cúpula da UE em Bruxelas, e os líderes europeus pretendem ter um pacto pronto para entrar em ação em março de 2012.
Duas velocidades
Mesmo após quase dez horas de discussões, a UE não conseguiu obter consenso em torno das medidas propostas.
A principal objeção veio da Grã-Bretanha, que exigiu ser eximida de algumas regulamentações orçamentárias e financeiras – as quais, segundo o premiê David Cameron, influenciariam negativamente a City londrina, coração financeiro do país.
Como a exigência britânica foi vetada, Cameron rejeitou o pacto.
Outros países – Suécia, Hungria e República Tcheca – disseram que vão consultar seus Parlamentos antes de tomar uma decisão. Há dúvidas também se a Dinamarca passará o pacto pelo crivo parlamentar antes de assiná-lo.
Apesar disso, Gavin Hewitt explica que as medidas pactuadas representam um passo importante em direção à maior integração fiscal da Europa. Ele ressalta, porém, que os líderes europeus já levantam temores de que as normas, por conta de seu alcance limitado a alguns países, produzam uma Europa de "duas velocidades".
Mais coerência
Em defesa do acordo, a chanceler (premiê) Angela Merkel disse que, "após longas negociações, este é um resultado muito importante porque aprendemos com erros passados e no futuro teremos decisões vinculantes (adotadas por todos os países), com mais (espírito de) comunidade e mais coerência.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse que o acordo desta sexta levará a mais disciplina na política econômica – "um desfecho muito bom para a zona do euro".
Mesmo assim, o pacto ainda não conseguiu entusiasmar os mercados financeiros, que esperavam que fossem aprovadas medidas dando mais poder de ação ao BCE.
Em meio às discussões sobre a crise, a UE aprovou nesta sexta a adesão de seu 28º membro, a Croácia, que se tornará parte efetiva do bloco a partir de julho de 2013.
- Com BBC Brasil
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